CAIO VIANNA MARTINS – “O ESCOTEIRO CAMINHA COM AS PRÓPRIAS PERNAS”

Caio era um menino comum ao seu tempo, mudou-se para Belo Horizonte com a família aos oito anos, onde passou a estudar no Grupo Escolar Barão do Rio Branco até o 4º ano primário.
Ingressou no Movimento Escoteiro aos catorze anos, ao iniciar seus estudos em outra escola, o Colégio Arnaldo e Afonso Arinos, que patrocinava, na época, o Grupo Escoteiro Afonso Arinos.
No dia 18 de dezembro de 1938 o grupo organizou uma excursão de trem a São Paulo com 25 membros. Os escoteiros viajavam no vagão da primeira classe do trem noturno da Central do Brasil, que possuía no total 11 vagões, quando, por volta das 2 horas da madrugada do dia 19 de dezembro, este se chocou com um trem cargueiro que vinha em sentido contrário, provocando um terrível desastre no qual morreram cerca de 40 pessoas.
Caio, na época, monitor da Patrulha Lobo, recebeu uma forte pancada na região lombar durante o choque, o que mais tarde revelou-se mortal, mas mesmo assim persistiu em ajudar os outros escoteiros que se reuniram para decidir a melhor maneira de agir. O primeiro passo foi a procura dos membros que não haviam sido encontrados até o momento, o lobinho Hélio Marcos de Almeida Santos e o escoteiro Gerson Hissa Satuf, encontrados já mortos.
Os escoteiros continuaram prestando os primeiros socorros a todos os feridos e fazendo uma grande fogueira para auxiliar as buscas e o trabalho de salvamento. Para isso, utilizaram todo material que tinham disponível, os colchões, cobertores e lençóis dos vagões-leito, confeccionando macas e abrigo para as pessoas mais feridas.
O acidente, que ocorreu entre as estações de Sítio e João Aires, próximo à cidade de Barbacena, só recebeu socorros às 7 horas da manhã do dia 19. A equipe de socorro transportou os passageiros feridos, inclusive alguns escoteiros, para um hospital em Barbacena. Como não havia macas para todos, e ao ver ao redor dele pessoas mais necessitadas, Caio Viana Martins recusou ser levado de maca, dizendo: "Um Escoteiro caminha com as próprias pernas".
Foi andando, junto a seus amigos, até a cidade, mas, ao chegar ao hotel, sentiu-se mal e foi levado à Santa Casa, onde veio a falecer, por conta do rompimento de vísceras e um grave derrame interno.
Caio Viana Martins foi sepultado no mesmo dia, no cemitério de Bonfim, na Zona Norte de Belo Horizonte, junto ao lobinho Hélio e ao escoteiro Gérson.

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